terça-feira, 20 de abril de 2010

Verdades Incovenientes: Santificada seja nossa grande hipocrisia, amém.


Está ai no cenário nacional a “terrível” e “nefasta” opinião publicada (ou seria opinião pública?) da “recusa social” de uma ex-streeper assumir cargo público oferecido por uma gestora. Mais uma vez o nosso falso moralismo e a nossa surrada hipocrisia imperam. Quer dizer que as pessoas não podem ter locomoção social? Não pode aquela mulher ganhar espaço em uma profissão mais creditada, ser enxergada de outra maneira demonstrando seus outros dotes de labor, que não sobre um palco? Quanto tartufo o nosso.

Sabemos nós que algumas “assessoras” de muitos palácios governamentais complementam seus salários (via DAS) em procedimentos “motelianos”. E isso não nos importa, não é? Também sabemos que muitas pessoas “horrorizadas” pelo “escândalo” da dançarina, são as mesmas que levam à boca a “hóst sagrada” vinda das mãos de quem acabara de sacramentar o abuso de infantes e juvenis, e ainda assim se diz: “amém”.

No cabaré pode, mas na coisa pública não! Como se pudéssemos distinguir, em muitas vezes, uma coisa da outra. Mas falamos isso com certo rancor sabendo o que cada um de nós é capaz de fazer nas alcovas da vida (e da casa, sua ou de outrem).

Ela, a “streeper” criticada pela mídia santa, teve a coragem de desnudar-se de sua condição e procurar progredir enquanto muitos de nós descemos do salto e rastejamos em lascívias parafilíacas dentre quatro paredes, contanto que ninguém nos veja além da nossa libido carnal e nefasta. Mas que pureza... Confesso-me, dou o dízimo, 10% para um “deus” garçon e: ó Deus, dai-me o universo, a paz e o sossego, mas impeça que aquela mulher suja, cheia de pecados assuma o encargo público ou desempenhe aquela função, pois como bem sabe ela era de uma outra função não pudenda... Ó Deus, ó deuses Cronos, Zeus, Afrodite e Freyaa, freie isso em nome da perversidade de nossos instintos mais puros e nobres, preponderante em nossa sociedade limpa, cristalina e perfeitamente asseada (como a nossa, nhac, nhac).

Enfrentemos a realidade de deixamos a discriminação de lado, fazendo do preconceito arma dolosa de segregação. Acertada está a gestora que a convidou; a “streeper” que aceitou e nós que aqui estamos a comer sardinha de lata 88 e arrotar Caviar norueguês.

Êita povo, ô nós poveco!

Do Blog de Luzilândia
Acesse:www.luzilandia.com

0 comentários:

  © NE.WEBLOG Autorizado by Luzionline.com 2009-2010

Back to TOP