sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Piauí comemora 185 anos com descasos e obras abandonadas

GP1

A maioria das obras estão paralisadas por fraudes, desvios de dinheiro e falta de planejamento.


O Piauí chega aos 185 anos de "Independência" com grande volume de dinheiro já aplicado ao longo dos anos, várias obras arrastadas sem conclusão, descasos, fraudes e abandonos.

Os "esqueletos" das obras de engenharia, por exemplo, estão sendo corroídos pelo sol, chuva, e sumindo ao vento com milhares de reais do tesouro público. A maioria está paralisada por fraudes em licitações, desvio de dinheiro público e até por falta de planejamento, o que consequenciou um desperdício desmedido.

Dentre estas obras "entregues ao descaso" estão às barragens, estradas, hospitais, parques, maternidades, pontes, universidade, perímetros irrigados, e muitas outras pelo Piauí afora.

Ponte de Luzilândia

As Obras da ponte de Luzilândia continuam paralisadas e a previsão inicial era que fossem concluídas em 12 meses.

A ponte tem extensão de 380 por 12 metros de largura, mas a evolução nas obras não se faz notória. Sua construção possibilitaria maior desenvolvimento aos setores agrícola e turístico tanto do Piauí como do Maranhão. O transporte da produção agrícola seria facilitado e o acesso aos lençóis maranhenses assim como ao litoral pela cidade de Luzilândia, melhoraria o comércio e geraria empregos.

O valor da obra está estipulado em cerca de R$ 11,5 milhões, já foram aplicados quase à metade desses recursos, mas não se tem idéia ainda de quando as obras serão concluidas.

Procurado pela reportagem do GP1 o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) do Piauí, afirmou que a paralisação nas obras se dá em decorrência do aguardo da liberação de recursos para a sua conclusão, que tem verba assegurada através de convênio entre o Ministério da Integração Nacional, por intermédio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) e o Governo do Estado do Piauí.

Barragens

As inúmeras barragens construídas no Piauí tinham como objetivo acabar com a seca que todo ano castiga o semi-árido. Esse ano, por exemplo, tem sido uma das piores. A seca que atingiu o Piauí levou mais de 100 prefeitos a decretar situação emergencial em seus municípios. Até os recursos para os flagelados da seca desse ano retardaram. O Governo Federal liberou R$ 14 milhões para atender 299 municípios nordestinos afetados pela seca, mas apenas dois do Piauí foram beneficiados com os "tais recursos" e milhares de pessoas ainda passam fome e sede no sertão piauiense.Foram realizadas várias obras de barragens, a um custo altíssimo. A maioria nem foi concluída. No entanto estão lá, só acumulando água, sem nenhuma serventia se não tiver uma adutora para fazer a distribuição da água. Sem falar ainda nas adutoras que foram projetadas, mas ainda não saíram nem do papel.


Estradas

As rodovias estaduais, as conhecidas "Pis", simplesmente foram abandonadas pelo Governo do Estado. Em muitas delas o Governo abandonou as obras há mais de um ano, tão logo chegou o período eleitoral que culminou em mais um mandato do governador Wellington Dias.Na maioria dos lugares não há um projeto de estrada ligando dois municípios para facilitar o escoamento da produção e para andar até 30 quilômetros entre dois municípios como, por exemplo, Francinópolis e Várzea Grande. Qualquer veículo perde quase uma hora nesse pequeno espaço. Nos lugares onde não há estradas, os moradores se sentem discriminados e argumentam que o Governo preferiu construir pequenos trechos ligando as sedes de algumas cidades até as BRs, porque além de mais barato redundou em votos.O abandono das estradas começou logo bem perto de Teresina. Quem entra no município de Elesbão Veloso, logo vê uma placa mostrando que uma estrada começou a ser construída ali, mas se o viajante for muito observador vai descobrir que na placa diz que a obra deveria ter sido concluída em dezembro do ano passado.


Hospitais

O caos na saúde do estado nesse ano tornou-se mais "latente", já que não se resolve a crise do maior hospital público do Piauí. Enquanto isso os pacientes continuam internados nos corredores, pátios e sofrendo com a superlotação do Hospital Getúlio Vargas. Uma solução para o problema seria a construção de outros centros de atendimento o que diminuiria a grande demanda de pacientes que o hospital recebe, mas há 16 anos o Hospital de Urgência de Teresina começou a ser construído e ainda não funciona.Enquanto faltam vagas no Getúlio Vargas, no hospital universitário do estado, que está em obras há 18 anos, apenas o ambulatório funciona. Outro exemplo de desperdício de dinheiro público no Estado é o hospital de urgência de Teresina, uma obra que começou a ser construída há 16 anos e que já foram gastos R$ 14 milhões, mas que nunca funcionou. De acordo com a Fundação Municipal de Saúde, já se encontra na conta da FMS o dinheiro para a compra dos equipamentos para o Hospital de Urgência de Teresina que possui 15 mil metros quadrados de área construída, 290 leitos, seis centros cirúrgicos, laboratórios, unidade de queimados, farmácia e clínicas médicas. Segundo a Fundação Municipal de Saúde estará funcionando em Dezembro.

Parque Potycabana

O parque Potycabana, foi criado para ser um dos principais complexos de lazer de Teresina, mas está fechado há mais de um ano para reforma. Inaugurado em 1990, o complexo fica às margens do rio Poty e ocupa uma área de 90 mil metros quadrados. Entre outras instalações, possui anfiteatro, quadras de vôlei, pista para corrida, piscinas e restaurante. Entretanto, há mais de um ano todas essas estruturas estão abandonadas. A exemplo do descaso, o vereador Chico Wilson também cita a existência de 18 coqueiros mortos e várias árvores secas, além do acúmulo de lixo e de material de construção, brinquedos enferrujados, acúmulo de capins nas dependências abandonadas. O parque Potycabana deveria ficar sob a administração do Sistema FECOMERCIO Sesc/Senac, durante 20 anos. O contrato foi assinado em 2002. Ao receber a administração do Parque, o Sistema FECOMERCIO aplicou cerca R$ 2 milhões em obras emergenciais de reforma da estrutura da Potycabana. As piscinas foram reaparelhadas e toda a estrutura hidráulica e elétrica foi trocada. Porém a Potycabana retornou à gestão estatal, há cerca de um ano, quando o governo através da Procuradoria Geral do Estado rescindiu o contrato de comodato com o Sistema FECOMERCIO Sesc/Senac, alegando que o contrato teria sido feito sem a autorização da Assembléia Legislativa. E hoje se encontra entregue ao descaso total.


Metrô

A obra do metrô começou a quase 20 anos, quando foram realizadas as obras de rebaixamento da linha férrea num trecho que vai desde a Rua Santa Catarina até a Rua Rui Barbosa, no Centro de Teresina.No atual governo o então diretor de Operações da Companhia Metropolitana de Transportes Públicos (CMTP), Antonio Luís Sobral, afirmou em agosto de 2005 que os trabalhos de complementação das obras do metrô de Teresina estavam seguindo o cronograma traçado previamente pela equipe técnica.Ele disse também que estava faltando apenas à ligação com a linha antiga e a estação e que provavelmente no mês de abril de 2006 que a obra estaria sendo entregue à população teresinense. O que não ocorreu já que a obra foi embargada.Em março de 2006, o governador Wellington Dias autorizou a ordem de serviço para a retomada das obras do mêtro, ferrovia e estação da Praça Deodoro, com um total de 980 metros de extensão até a estação da Matinha. O governador afirmou a época que com o recurso de R$ 10 milhões já assegurados, a obra deveria estar concluída em junho de 2006. Hoje a obra encontra-se totalmente paralisada. O Secretário do Tribunal de Contas da União (TCU) no Piauí, José Ulisses Rodrigues Vasconcelos, divulgou que continua bloqueada qualquer liberação de recursos para a obra do metrô de Teresina, com base no último julgamento feito do TCU, no último dia 29 de agosto.De acordo com José Ulisses, a verba só será liberada após a comprovação de depósito da contra partida do governo do Estado. Não há nenhuma decisão nova sobre esse julgamento.A conclusão do Projeto "Expansão do Sistema de Trens Urbanos de Teresina, no Estado do Piauí, está avaliado em R$ R$3.379.077,10, sendo que a contra partida do Estado é no valor R$ 1.179.035,56", e ainda não foi disponibilizada. O que atrasou novamente a conclusão da obra que estava prevista para ter sido entregue em maio deste ano.


UESPI

Há 20 anos, os primeiros passos concretos foram dados para a criação da Universidade Estadual do Piauí, com sede em Teresina. Em 1984 foi instituída pela Lei Estadual nº 3.967 a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Educação do Estado do Piauí, FADEP, entidade mantenedora dos Centros de Formação de Recursos Humanos para o ensino da rede pública estadual em nível de 3º grau, Centro de Teleducação, Centro de Pesquisa. Em 1985 através do Decreto Federal nº 91.851, foi autorizado a funcionar o Centro de Ensino Superior, com os cursos de Pedagogia - Habilitação Magistério, Ciências - Habilitação em Matemática e Biologia, Letras - Habilitação em Português e Inglês e respectivas Literaturas e Administração.A UESPI já chegou a oferecer doze mil vagas em exames vestibulares , já foi a 3 ° maior do país, foi a pioneira em instituir cursos sequenciais e era consiederada modelo de educação, organização e desenvolvimento. Hoje a Universidade Estadual que já foi uma das melhores, sofre o descaso e a regressão da reputação que levou anos para conquistar. As vagas não vão além das quatro mil, algo completamente" inaceitável", cursos importantes como o de Direito estão sendo fechados nos campus do interior, a qualidade dos professores não é mais a mesma, os alunos tem reclamado constantemente da falta de estrutura, além dos vários campus que estão sendo desativados no interior do Piauí.

A reportagem do portal GP1 procurou o ex-reitor, professor Jonatas Nunes, que foi um dos responsavéis pelo desenvolvimento e credibilidade que a UESPI conquistou durante os sete anos da sua gestão, para falar sobre o assunto." Estive a frente da UESPI de 1995 há 2001, na gestão do então governador Mão Santa. Quando cheguei na instituição ela nao era nem reconhecida como Universidade, nem a chamavam como tal, para muitos a UESPI era apenas, uma instituição de ensino superior. Então resolvi que precivamos torna-lá respeitavél e digna pelos seus próprios méritos. Comecei pela reestruturação através de um novo estatuto para a universidade, na época em que eu assumi não havia unidades, eram departamentos apenas, então implantei o estatuto para começar os trabalhos de acordo com ele. Foi aí que instituí o primeiro estatuto da UESPI e passei a aplica-lô na instituição. Organizamos a UESPI, buscamos parcerias importantes para criarmos recursos econômicos, criamos novos cursos, expandimos para o interior do estado, fomos os primeiros a criar o curso sequencial, conquistamos a proeza de trabalharmos com os próprios recursos da Universidade enfim, tornamos a UESPI apresentavél e digna do nosso estado. Acredito que se a minha equipe tivesse continuado a frente da UESPI, ela atingiria muitas mais conquistas e teria campus inclusive, internacionalmente o que para a educação superior do Piauí seria muito importante, " finaliza.

TCU

O que mais "chama a atenção" é que muitas destas obras foram suspensas ou paralisadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), devido os desperdícios. O órgão já tem embargado ainda várias obras, que estão sendo "empurradas" há anos e até outras que iriam começar agora financiadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O Piauí pede um momento de "reflexão", já que o governo "parece se esquecer" que deve priorizar a conclusão de obras inacabadas antes de iniciar outras. Afinal não tem dinheiro para tantos projetos grandes. Além do problema da falta de planejamento que é constante. Não seria melhor concluir o que já foi iniciado para evitar o desperdício e o caos que o nosso estado se encontra?

0 comentários:

  © NE.WEBLOG Autorizado by Luzionline.com 2009-2010

Back to TOP